Videogames viram meio de expressão

agosto 28, 2009

Objetos de consumo de massa por excelência, os videogames se transformam em meio de expressão. Desviando os videogames de sua finalidade primeira, artistas e ativistas ingressam no campo da arte, do documentário, da música e do cinema.

O console Game Boy foi transformado de maneira a poder conceber música de 8 bit, chamada ainda de chip tunes, já que pretende ser uma resposta low tech à música eletrônica. As ativistas Carbon Defense League idealizam o jogo « Super Kid Fighter », um manual de sobrevivência para crianças num mundo ilícito, a partir de um console pirateado. Quando os códigos fontes de videogames tais como Quake, Doom ou Unreal Tournament são disponibilizados na rede, abrem-se as portas para uma diversidade ainda maior de desvios.

É nesta época que um grupo nova-iorquino, vindo do teatro, cria o seu primeiro filme a partir do motor do jogo Quake. Eles se valem, no âmbito de desempenho livre, da possibilidade de rodar em tempo real graças ao motor do jogo, para animar seus personagens de maneira que se pareçam com marionetes. O Machinima nasceu. Os Machinimas, literalmente a contração das palavras « máquina » e « cinema », são filmes de curta metragem criados a partir de ferramentas de videogames. Mais recentemente, sites de jogos como o dos Sims2 ou The Movies de Peter Molyneux disponibilizam na rede ferramentas que permitem aos internautas idealizarem, eles mesmos, seus filmes de curta metragem, servindo-se dos universos e dos personagens de jogos.

Assistimos então a uma democratização do fenômeno de desvio crítico do videogame. É assim que um pequeno filme, realizado a partir do site The Movies, fez toda a volta do planeta no último mês de novembro. Concebido por Alex Chan, um desenhista parisiense de 27 anos, este filme denuncia os perigos do sistema político francês e se arvora na « voz » das periferias durante os tumultos. A tendência da imprensa estrangeira e da comunidade internacional dos jogadores mostra que o Machinima está prestes a tornar-se um meio de expressão política.

Concebido no seio da comunidade artística do site Rhizome.org em 2005, « This Spartan Life » é um novo talk show cuja particularidade é o fato de ser totalmente realizado dentro do videojogo on-line Halo 2. Chris Burke, conhecido como Damian Lacedaemion no talk show, decide transformar este shoot them up futurista ultraviolento em um espaço de reflexão sobre a cultura digital e sobre os videogames.

Dessa forma, Damian recebe seus convidados no ambiente virtual de Halo 2, depois de ter matado todos os monstros, a fim de criar um espaço fugaz de reflexão. Chris Burke observa que esta intrusão num espaço virtual, muito pouco amigável, inspira seus convidados. « Quando se entra num jogo, se pensa na vida, na morte, na comunicação entre os seres ». Chris Burke se diverte de poder, dessa forma, combinar teoria e diversão. Ele se pergunta até para quem, entre universitários ou jogadores, a compreensão de « This Spartan Life » será mais proveitosa…

Isabelle Arvers