Na última sessão de maio, o artista multímidia Ran Slavin constrói uma narrativa cinematográfica intervindo sobre as imagens da cidade, a partir de um método típico de Vjing. A paisagem urbana feita imagem no momento de sua manipulação é um personagem que se presta a contorcer-se, a interpretar, a representar estados mentais. E esta intervenção sobre a paisagem é que deflagra o enredo e toda trama.
Alterando a ordem usual dos processos de realização de um filme, o roteiro aqui nasce depois da fase de pós-produção da imagem. A narrativa surge aos poucos a partir dessa intervenção digital. Primeiro, a paisagem urbana e todas as suas possibilidades significativas como imagem. Depois, um personagem. Dois personagens. E, então, um enredo que se constrói aos poucos, mergulhado nas imagens da cidade.
The Insomniac City Cycles | Ran Slavin, 2009. 70’
A história de um homem que acorda em um estacionamento em Tel Aviv, ferido por uma bala, com perda de memória recente. Enquanto ele se esforça para lembrar do que ocorreu, uma mulher acorda de um sonho similar em um hotel em Shangai. Por meio de uma estrutura não-linear e fragmentada, uma série de eventos acontecem nessas cidades divididas por uma vaga noção de realidade, movidas por uma visão real e ao mesmo tempo alucinatória.